POR FAVOR, ENTENDA E NÃO VENHA COMEMORAR A COPA COMIGO

POR FAVOR, ENTENDA E NÃO VENHA COMEMORAR A COPA COMIGO

Wallace Moraes

13 de junho de 20014

A nossa democracia vai muito bem, obrigado, diria Mussolini. As greves estão proibidas, mas não só, elas veem acompanhadas de achincalhamento público, pelos oligopólios de comunicação de massa, dos que lutam. Os protestos estão proibidos, a não ser que as pessoas queiram correr risco de morte. Um repórter da Reuters fraturou o crânio, outro da CNN sofreu graves ferimentos com os ataques policias. Imaginem o que aconteceu com os manifestantes comuns, o que foi censurado pela grande mídia. Somente os guerreiros vão para as ruas, mas mesmo assim, são chamados de pequena minoria que quer atrapalhar a festa da Copa, sobretudo, porque exigem melhorias para saúde, educação, moradia etc para todos. Devem apanhar para aprender a não mais fazer exigências aos governos, diriam os stalinistas. Devem apanhar calados e ordeiramente, pois se reagirem são logo taxados de vândalos e denunciados. Professores críticos e combativos são arrastados como animais pelas ruas em plena luz do dia. Os franquistas ficariam muito felizes com essas cenas pedagógicas de tortura pública. Policiais das UPPs já mataram várias pessoas das comunidades que deveriam proteger. A ordem é: mais repressão às favelas, que não têm escolas, hospitais, saneamento básico, área de lazer etc, e isso é saudado como melhoria para a população. Ao mesmo tempo, os repressores estatais são apresentados como grandes vítimas.  O povo está tão feliz que os governantes não podem aparecer em locais públicos e logo são presenteados com vaias, xingamentos etc. Cada vez mais os políticos têm que pagar claques para aplaudi-los, como num verdadeiro filme, tal qual “O Show de Trumman”. Nessa semana, a polícia foi nas casas de algumas pessoas para apreensão de seus computadores, sob a alegação de que difamaram um dos candidatos à presidência do Brasil. Vários estudantes também tiveram suas casas invadidas e seus computadores confiscados sob argumentação de formação de quadrilha. Isso porque foram consideramos líderes dos protestos que não têm lideranças. Tempos que deixaria Hitler muito feliz. Falta muito para os campos de concentração? Por lembrar do regime nazista, os oligopólios de comunicação de massa mostraram que aprenderam perfeitamente os ensinamentos de Goebbels, ministro das comunicações de Hitler. Sua máxima era: uma mentira dita mil vezes, torna-se verdade. E assim, El pueblo, que estava revoltado com os gastos da Copa e com tanta injustiça, viu-se quase que compulsoriamente induzido a torcer.

Nesse sentido, o povo ordeiro, de Sérgio Buarque de Holanda, que canta o hino nacional e porta bandeira do Brasil é amplamente exaltado. Um exemplo de brasileiro!!, dizem os jornalistas. Pão e circo foi a clássica forma de dominação romana. Não obstante, os governantes no Brasil a readaptaram e impuseram ao povo a dupla: futebol e cerveja (preferencialmente acompanhada por mulheres “maravilhosas”, mostradas como mercadorias). Por fim, você que está muito feliz com a Copa e torceu demasiadamente por aqueles meninos pobres, que moram no exterior, vestindo uma camisa amarelinha, desculpe-me, não quero jogar água no seu chope, mas o que me move para atentar contra a sua felicidade é que nesse momento existem pessoas que não estão sendo atendidas nos hospitais por falta de investimento. Sei que crianças estão sem aula, ou nas ruas, sem comida ou proteção, por igual motivo. Por fim, estou mais preocupado com as pessoas que foram despejadas de suas casas para esse torneio de padrão internacional em todos os sentidos. Por obséquio, não reproduza para mim aquilo que você ouviu nos telejornais justificando a Copa. Não atente dessa forma simplória contra a minha inteligência. Acho que estou ficando louco, mas considero um absurdo um mundo no qual um jogador de futebol é muito mais valorizado que um professor. Por favor, entenda e não venha comemorar a Copa comigo. Obrigado!

Comments are closed.

line
footer
Tecnologia WordPress | Elaborado por Antônio Correia