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CORONAVÍRUS E SAÚDE COLETIVA: É HORA DE ABANDONAR O VÍRUS DO LIBERALISMO ECONÔMICO PARA SALVAR VIDAS

CORONAVÍRUS E SAÚDE COLETIVA: É HORA DE ABANDONAR O VÍRUS DO LIBERALISMO ECONÔMICO PARA SALVAR VIDAS Wallace de Moraes (Prof. Ciência Política da UFRJ)[1]   Jean J. Rousseau (1776) nas vésperas da Revolução Francesa afirmou o seguinte: “O homem nasceu livre, mas em toda parte encontra-se acorrentado. Aquele que se julga senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles”. Assim, detectara que tanto os ricos quanto os pobres sofriam por razões diferentes. Essa assertiva abria o seu clássico “Do contrato social”, no qual propunha uma solução para o problema por meio de medidas democráticas que visassem o bem-estar de todos. A devastação trazida pelo coronavírus está abalando o mundo e ratifica a premissa do filósofo. No Brasil, as 12,5 milhões de pessoas “desocupadas” somadas aos 24,4 milhões de trabalhadores por conta própria e ainda aqueles que desistiram de procurar emprego (IBGE, 2019) são as mais vulneráveis. Destas, a bem da verdade, é necessário destacar pelo menos duas gradações que aprofundam o problema: raça e local de moradia. À vista disso, negros e indígenas/favelados e periféricos são ainda mais suscetíveis, saltando aos olhos os fenômenos das governanças racial e habitacional em função do racismo e do classismo persistentes na sociedade, deixando favelas e periferias sem direitos e sob controle policial. Em muitos desses lugares falta água (item fundamental para combater o vírus). Com o confinamento social, os moradores de rua (14 mil só na cidade do Rio de Janeiro) que dependem fundamentalmente de pequenos bicos e da solidariedade alheia, perdem a possibilidade de sobrevivência. Pelo exposto, essas pessoas sem direitos garantidos, sem dinheiro, sem trabalho, discriminadas e consequentemente com baixa autoestima não conseguirão pagar suas dívidas, quiçá comprar comida e estarão mais propícias ao vírus. A necessária e urgente proposta de confinamento das pessoas em suas casas para evitar as mortes prometidas arrasa a possibilidade desses indivíduos garantirem literalmente o seu ganha pão. A única certeza, se nada for feito, será o aumento do desemprego, da miséria, das desigualdades e mortes. Os hospitais entrarão em colapso. Embora, muitos deles pareçam estar em “colapso” permanente. Talvez, alguns sejam quebrados pela população em fúria ao verem seus parentes sendo mortos por negligência governamental. Com exceção dos nossos heróis, trabalhadores da área de saúde, é necessário que todos fiquem em casa, mas para tanto devem ter garantido algum tipo de ajuda financeira. A ganância dos proprietários de empresas de transportes públicos...
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Para preencher uma lacuna e ajudar a entender a vitória eleitoral do candidato das armas

PARA ENTENDER A VITÓRIA ELEITORAL DO CANDIDATO DAS ARMAS Wallace de Moraes[1] Para entender a vitória eleitoral do candidato das armas, Jair Bolsonaro, é de fundamental importância recorrermos ao significado dos protestos massivos e contestatórios de 2013 no Brasil. Esses protestos começaram contra o aumento das tarifas dos transportes públicos. Depois sua agenda se ampliou para maiores investimentos em saúde, educação, dotado de uma crítica profunda a atuação da polícia que mais mata no mundo. Também expressou uma agenda heterogênea em defesa da pauta LGBT, de negros e mulheres. Foi uma expressão contra todos os partidos políticos e seus eternos candidatos. 2013 expressou a crise da plutocracia brasileira e a vontade popular de luta por dignidade. Foi quando surgiram os Black Blocs no Brasil e os protestos foram horizontais e descentralizados. A ação direta e a propaganda pelo fato assumiram o protagonismo das manifestações. No Rio de Janeiro, por exemplo, todas as vidraças de bancos do centro da cidade foram quebradas, além de lojas multinacionais. Os jornalistas dos oligopólios de comunicação de massa, que sempre criminalizou a luta social, foram expulsos dos protestos. Houve, ainda, uma tentativa de incendiar a Assembleia Legislativa e os enfrentamentos com as forças policiais foram intensos. Com efeito, chamamos essa forma de contestação da ordem por: Revolta dos Governados. Como reação a 2013, tivemos o aprofundamento do “ativismo conservador agressivo”, porque todas as instituições baseadas na hierarquia, na disciplina, em dogmas metafísicos e na construção de riquezas, com fundamento na exploração alheia, se sentiram ameaçadas com as manifestações. Destarte, contra 2013, eles se rearticularam e ganharam força, formando uma unidade entre os diferentes governantes (políticos, jurídicos, penais, socioculturais e econômicos) e suas instituições: Parlamento, Judiciário, Forças Armadas, igrejas, oligopólios de comunicação de massa e o capital. Assim, desde 2014, e como reação às razões de 2013, tem predominado nas redes sociais a mentira, fake News(notícias falsas) fake History(História falsa), e consigo veio o pensamento conservador, autoritário, preconceituoso, buscando destruir o sonho de toda uma geração. A reação conservadora começou com a vitimização e supervalorização dos policiais, realizada amplamente pelos oligopólios de comunicação de massa, sustentando a “fascistização” da sociedade. Simultaneamente, o militar/policial foi posto como vítima dos signos de 2013 e alçado a “super-herói” capaz de resolver todos os problemas. A maior expressão disso foi a materialização do candidato das armas, Jair Bolsonaro, que antes de 2014 era um simples deputado do baixo escalão, mas desde...
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O GOLPE DENTRO DO GOLPE: O que está por trás das denúncias da Globo contra Michel Temer e seus prováveis desdobramentos

publicado originalmente nosite do jornal Le Monde Diplomatique Brasil Desde 2013, o Brasil vive um quadro de crise política institucional dos mais profundos. A iminente queda de Michel Temer constitui-se como apenas mais um capítulo dessa novela. Para discutirmos as denúncias contra o presidente da República e termos mais dados para análise, sem cairmos em previsões infundadas, é necessário clarear algumas constatações históricas fundamentais da política brasileira: 1) a Rede Globo é ainda hoje o principal meio de formação de opinião dos brasileiros sobre política; 2) historicamente, ela representou os interesses majoritários dos capitalistas do país; 3) desconhecemos evidência de recuo de uma proposta dela com relação à retirada de um presidente da República do seu cargo, seja através de golpe militar explícito, de golpe institucional ou de impeachment. Se admitimos que essas assertivas são verdadeiras, Michel Temer cairá em breve. Se isso não acontecer, significará que a Rede Globo não representa mais os interesses majoritários do grande capital, nem dos principais políticos no país e seu império midiático está prestes a ruir. Nesse sentido, é sempre importante fundamentarmos nossas hipóteses com base na história política brasileira. Nos últimos 65 anos, a Rede Globo ocupou o espaço de um dos principais atores políticos, sempre participando com grande poder de decisão em momentos-chaves. Vejamos. O jornal O Globo, quando ainda não havia sido constituída a poderosa Rede Globo, foi um dos principais atores na desestabilização do governo de Getúlio Vargas em 1954. Quando Vargas aceitou a proposta de João Goulart, então escolhido para o Ministério do Trabalho, de dobrar o salário mínimo, foi gerada uma convulsão nas elites empresariais do país. O Jornal O Globo, como porta-voz desse setor, publicou várias denúncias contra o presidente da República, acusando-o de mandar assassinar seu principal inimigo político, Carlos Lacerda. Nesse mesmo ano, Getúlio Vargas cometeu o suicídio, alegando em carta-testamento que forças ocultas o impediam de governar. Depois da morte de Vargas, o jornal O Globo foi atacado por milhares de manifestantes no Rio de Janeiro. Dez anos mais tarde, entre 1961 e 64, o herdeiro de Vargas, João Goulart, assumiu a presidência da República. Mais uma vez, o Jornal O Globo se opôs veementemente ao seu governo e ajudou a preparar o golpe militar-civil que o retiraria do poder em 31 de março de 1964, por meio de uma quartelada. Durante os vinte anos da ditadura militar-civil foi construída a Rede...
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Uma análise anarquista da crise institucional de 2016 – teses fundamentais que ficaram ausentes do debate

Teses fundamentais que ficaram ausentes do debate – uma análise anarquista da crise institucional do governo Dilma Wallace dos Santos de Moraes[1]   Durante as primeiras décadas do século XX, as revoltas e revoluções populares se agigantaram em grande parte do mundo e dependendo do lugar emergiram em função delas diferentes modelos econômicos e de Estado: o socialismo de estado, o welfare state, o nacional-desenvolvimentismo, o keynesianismo e algumas poucas e rápidas experiências libertárias. Assim, interesses dos trabalhadores foram contemplados em maior ou menor medida dependendo da força e da radicalidade da classe trabalhadora. Por outro lado, também surgiram como reação às lutas populares as fatídicas experiências fascistas propiciadas por um conjunto de fatores que levaram a derrocada dos movimentos dos trabalhadores, principalmente na Alemanha, na Itália e na Espanha, onde os movimentos revolucionários, por incrível que possa parecer, eram mais fortes. As propostas autoritárias propugnavam uma sociedade hierarquizada, racista, machista, com um nacionalismo xenófobo, e uma cega obediência ao chefe. A maior parte dos capitalistas ficou muito feliz com essas características. Foi exatamente na terra de Hitler e sob seu governo que a grande mídia passou a ser usada com maior eficácia para a dominação de classe. Seu ministro das comunicações foi bastante eficaz em jogar toda uma nação para a insanidade da guerra. Uma frase clássica sua era: “uma mentira dita mil vezes, torna-se verdade”. E essa máxima guia até hoje muitos de nossos monopólios de comunicação de massa criando a indústria cultural e propagandeando o capitalismo, quando possível, com garantias individuais, mas quando o sistema está sob ameaça apoiam abertamente a supressão das liberdades civis para garantia do sistema do capital. Na América Latina, durante as décadas de 1950/60/70 os movimentos populares ganharam novos impulsos principalmente em função de dois movimentos: 1) quando setores sociais institucionalizados pensaram em aplicar medidas distributivas e reformas de base por meio da ação de governos de nacionalismo radical, para usar uma expressão de Katz, mas sem acabar com o capitalismo e/ou 2) quando setores de estudantes, operários e camponeses pensaram na tomada do poder via luta armada para implantar o socialismo. Entretanto, mais uma vez na história recente, percebendo o a avanço da liberdade e dos setores revolucionários, as classes privilegiadas e os conservadores retomaram o poder amiúde por meio de golpes militares com amplo apoio dos oligopólios de comunicação de massa e das elites econômicas locais, gerando um grande retrocesso...
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O PAPEL DOS THINK TANKS NA POLÍTICA BRASILEIRA DESDE 2013

O PAPEL DOS THINK TANKS NA POLÍTICA BRASILEIRA DESDE 2013 Wallace dos Santos de Moraes[1] Os Think Tanks são grupos formadores de opinião sobre política, altamente organizados e financiados, trabalhando de maneira profissional, quase que exclusivamente para canalizar a legítima indignação popular externada intensamente nos protestos de 2013, procurando fazer a população voltar a crer nas instituições políticas. Para tanto, utiliza-se de fortes críticas de direita sobre o governo Dilma e contra os petistas em particular. Os Think Tanks possuem ampla penetração nos oligopólios de comunicação de massa e descarregam centenas de mensagens via Whatsapp, Facebook e Twitter todos os dias. Como são mensagens bem elaboradas, passando a princípio uma seriedade, e pautadas em críticas ao péssimo governo de Dilma, elas são amplamente reproduzidas pela população que a faz acriticamente. Na verdade, as principais mensagens são subliminares que a princípio tentam se mostrar radicais contra o petismo e aproveitam para passar a verdadeira ideia que aparece em segundo plano como dizer que na ditadura os generais-presidentes não eram corruptos, morreram pobres, que o governo do PSDB foi bom para o país e que se deve confiar nos noticiários das televisões. Assim, tentam capitalizar o imaginário social radicalizado criado em 2013 para posturas radicais de direita sustentadas em falsas informações. Destarte, esses grupos conseguiram difundir a imagem segundo a qual os políticos petistas seriam os piores do mundo, quando na verdade não estão sozinhos. O problema não é exclusivo do petismo. Ele está encrustado no sistema político brasileiro como um todo que está podre e só funciona com corrupção. Fazem parte dessa podridão todos os partidos que ocupam espaço no Congresso e nas esferas políticas estaduais, com algumas raríssimas exceções individuais, se é que elas existem. O governo do PT não perde em nada para os governos do PSDB. Ambos foram péssimos para os trabalhadores e ótimos para os banqueiros. Aliás, podemos botar nessa lista os governos do PMDB e dos militares. Em todos esses casos os setores prioritários de favorecimento foram das elites, com algumas migalhas para o povo trabalhador. O êxito dos Think Tanks de direita está diretamente atrelado a perseguição política aos militantes e ao pensamento da extrema esquerda com a desarticulação eficaz de muitas de suas organizações. Essa perseguição foi realizada por todos os partidos do poder. Além disso, o mais grave é a própria censura nas redes sociais. Enquanto as mensagens de direita possuem ampla...
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A ESQUIZOFRENIA DA POLÍTICA BRASILEIRA

A ESQUIZOFRENIA DA POLÍTICA BRASILEIRA Wallace dos Santos de Moraes[1] De acordo com o dicionário Michaelis, esquizofrenia significa: “Psicose em que o doente perde o contato com a realidade, e vive num mundo imaginário que para si próprio criou.” Em março de 1964, alguns grupos políticos com clara orientação à direita do espectro político, amplamente financiados pelo grande capital e tendo os meios de comunicação de massa como principais propagandistas de suas ideias, foram para as ruas dar base ao golpe civil-militar que instaurou uma ditadura sangrenta no país por mais de 20 anos. A direita tinha medo das reformas de base anunciadas pelo então governo de João Goulart, que a bem da verdade não seria tão profunda como alguns tentam incutir. Em 2015, vem acontecendo algo parecido, mas com uma conotação bastante esdrúxula. Desde março vivemos no Brasil uma pseudo histeria coletiva, cujo último capítulo aconteceu no dia 16 de agosto, quando alguns grupos políticos clamaram a população para ir às ruas pedir o impeachment da presidente. Em sua maioria grupos minúsculos de direita, com alguns até fascistas, que sem o apoio do principal aliado-articulador, a Rede Globo de jornalismo (rádio, tv, jornal, internet), não levaria mais que uma centena de pessoas para as ruas. Mas as semelhanças com 1964 param aí. O grande capital não está contra o governo Dilma até porque seu governo favorece cada vez mais aos banqueiros e ao capital especulativo. Ao mesmo tempo, promove concessões enormes aos industriais organizados. O país está em crise não resta dúvida, mas quem paga por ela são os trabalhadores. Os cortes foram fundamentalmente no social e principalmente na educação que volta a agonizar. Para não diminuir lucros, os capitalistas demitem trabalhadores e ganham subvenções do governo. Por outro lado, e igualmente esdrúxulo, foram os protestos dos governistas em prol do governo Dilma no dia 20 de agosto. Aqui está o verdadeiro nó político que é necessário decifrar. O PT faz um governo para os grandes capitalistas na República presidencialista em que vivemos. O ajuste fiscal foi realizado por ordem do Executivo e é ele o responsável pelos cortes no orçamento da educação e no social. Os petistas e aliados por sua vez vão para as ruas defender o governo do ataque da direita e pedir, quase que por favor para que ele migre para a centro-esquerda. O que esses setores aparentemente não querem compreender é que as...
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CONTRA-MANIFESTO ABERTO PELA LEGITIMIDADE DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES

CONTRA-MANIFESTO ABERTO PELA LEGITIMIDADE DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES Para: Aos Governos (Federal, Municipal e Estadual), à Justiça e aos legislativos (Municipal, Estadual e Federal) Desde o ano passado, temos acompanhado uma série de revoltas populares, protestos e manifestações por todo o país. Aquilo que inicialmente seria uma insatisfação com os altos preços dos transportes públicos tomou a forma de exigência generalizada por participação política, demonstrando uma crise dos fundamentos da democracia representativa, marcada pela ausência de participação popular efetiva nos rumos da vida pública, e uma crítica profunda à legitimidade e suposta fatalidade do sistema capitalista. As tentativas de direção e controle dos protestos pelas diversas forças partidárias institucionais, tanto da direita, quanto pelos partidos da esquerda tradicional, falharam sucessivamente. Também foram insuficientes até agora a estratégia do governo de criminalizar o movimento, bem como as manipulações midiáticas que procuraram desqualificar a revolta popular sob um discurso repetitivo de que “tudo não passaria de uma minoria de vândalos infiltrados” e de “baderneiros inconsequentes”. Apesar disso, as manifestações continuam, bem como a crise de representatividade aludida, que agora se reverbera para o fato de as bases dos trabalhadores sustentarem greves em contrário à orientação das suas direções patronais, dominadas em sua maioria por partidos políticos mais preocupados com as próximas eleições do que com a luta da categoria. São exemplos claros as greves com repercussão internacional, tocadas pela base das categorias, como a dos garis e dos rodoviários. Diante da proximidade da Copa do Mundo e da perplexidade popular com os gastos exorbitantes com estádios de futebol, assistimos absurdos naturalizados pelos grandes oligopólios de comunicação de massa, como 1) o cerco de comunidades inteiras, inclusive com uso do exército, e a continuidade da violência policial nas favelas e periferias, significando na prática a multiplicação de territórios em permanente estado de exceção, através das chamadas Unidades de Polícia Pacificadoras; 2) a criminalização de manifestantes, como no caso de estudantes do Rio de Janeiro, São Paulo, e, recentemente, Goiás que foram apanhados em casa e postos em prisões, cerceando suas liberdades e suas vozes críticas. Por fim, os protestos tomaram a forma de denúncias do extermínio de negros e pobres nas favelas e adotaram como palavra de ordem sintética a bandeira: ‘se não tiver direitos, não vai ter copa’. Na medida em que as manifestações geram prejuízos sistemáticos às grandes corporações e, principalmente, colocam em questão este modo de vida pelo qual as classes...
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A PAUTA DE EXTREMA DIREITA ADOTADA PELO PETISMO

A PAUTA DE EXTREMA DIREITA ADOTADA PELO PETISMO O governo do PT está superando todas as expectativas e endossando uma pauta de extrema direita no país. Trata-se de uma verdadeira fraude eleitoral, pois a maioria da população votou no partido pensando em se tratar exatamente do contrário. Assim, a tão famigerada reforma trabalhista que nem os governos do PSDB conseguiram por em prática está sendo aplicada justamente pelo partido dos trabalhadores, por meio da liberação da terceirização para todos os tipos de trabalho. Além disso, caminha a passos largos a diminuição da maioridade penal, que vai atacar apenas o resultado da exclusão social, também referendada pelo governo. Alguém, sinceramente acha que algum menino que comete delitos pensará antes que será punido e então vai desistir de sua ação? Ledo engano. Em resumo, as políticas públicas adotadas pelo petismo de ajuste fiscal, cortando direitos dos trabalhadores, constitui-se em algo muito maior que significa a total falência da democracia representativa, pois sem qualquer compromisso com as promessas de campanha, os governos ficam reféns de especuladores, empresários e banqueiros e livres para colocarem em prática exatamente as políticas dos candidatos derrotadas nas eleições. Assim, do ponto de vista histórico, em meio a pequenas diferenças, os governos petistas e tucanos podem ser considerados com continuidade um do outro. É por isso que os votos nulos e brancos não param de crescer. É mais do que necessário, portanto, se pensar na auto-gestão popular de todas as formas de vida social, com o povo governando a si...
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PAPEL HISTÓRICO DO ESTADO

PAPEL HISTÓRICO DO ESTADO –  o caso da vendedora de tapioca Mais ou menos do século XIV ao XVIII, o Estado moderno foi se formando na Europa, que serviria de exemplo para todo o planeta. Naquele momento, os fiscais iam às aldeias com suas tropas colher impostos dos camponeses que foram obrigados a trabalhar a mais para bancar a luxúria e a ostentação da corte. Esse mesmo governo tinha que impor a essas pessoas as suas leis absurdas. Ontem, no Largo de São Francisco, uma vendedora de tapioca estava com um carrinho velho, muito diferente do que ela usara nas semanas anteriores, todo enfeitado e arrumadinho. Ela me contara que a guarda municipal havia levado o seu carrinho que ela guardava na casa de uma amiga. Ela agora só conseguia manter seu sustento em função da solidariedade de um amigo que lhe emprestou outra carroça. Em conversa, ela me disse que detestava todos os governos e que preferiria não ser governada por ninguém. Parece estar com a razão, mas não tem voz social, como os camponeses não tiveram nos primórdios da época moderna. É só uma reflexão em forma de desabafo contra as injustiças impostas pelo sistema do capital com o Estado para defendê-lo e com os oligopólios de comunicação de massa para...
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SIGNIFICADO DE ANARQUISMO

SIGNIFICADO DE ANARQUISMO (Este texto é em homenagem aos alunos do CEVI – Colégio Estadual de Visconde de Itaboraí) Wallace de Moraes[1]           Anarquia é um vocábulo formado por duas palavras gregas: an – que significa não, e arkhé, que significa autoridade. Neste sentido, anarquia expressa negação de toda e qualquer tipo de autoridade. Por extensão, no sentido político, negação de todo governo, negação do Estado; no sentido econômico, negação de toda hierarquia no local de trabalho, de todo patrão, de todo chefe. O anarquismo também significa afirmação de alguns princípios. Seus dois principais são o da igualdade e o da liberdade. A defesa da igualdade entre os homens só pode ser plena conjuntamente com a liberdade. Por isso, os anarquistas também são conhecidos como libertários. Se existe alguma pessoa ou instituição imbuída de um poder maior que o de outras, logo existirão uns subordinados a outros e, portanto, não haverá igualdade entre as pessoas, nem liberdade para os subordinados. Normalmente as chamadas autoridades têm mais vantagens e poder que o restante da coletividade. Assim, os libertários não são contra as pessoas que exercem a autoridade, mas contra a existência da própria autoridade, contra o cargo que normalmente é exercido no Estado, no poder público, e é ocupado pelos chamados governantes e seus agentes, secretários, juízes, policiais e outros. Fora do Estado também existem outras autoridades. Por exemplo, nas fábricas, ou nas empresas, os patrões ou seus representantes denominados chefes impõem suas regras e vontades sobre os trabalhadores. No comércio, são os donos das lojas que determinam o que os vendedores farão. Nos campos, os fazendeiros impõem suas normas sobre vários agricultores. Estas diferenças, entre patrões e empregados, chefes e comandados, GOVERNANTES E GOVERNADOS que só favorecem aos primeiros, são alvo daquilo que os anarquistas combatem. Diferente do marxismo que tem os escritos de Karl Marx como guia supremo, o anarquismo não tem um teórico ou guia que encarne uma autoridade científica. Alguns concebem que as ideias libertárias começaram com as ações de Jesus Cristo por defender o repartir do pão e o amor ao próximo. Outros afirmam que a perspectiva libertária só pode ser pensada a partir de P. Proudhon no século XIX, na defesa do mutualismo. Outros ainda defendem o início do anarquismo somente com M. Bakunin e o coletivismo. Não obstante, de maneira sistemática, diferentes militantes contribuíram para as linhas gerais do pensamento anarquista, como por...
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A POLÍTICA COMO CONTINUAÇÃO DA GUERRA

A POLÍTICA COMO CONTINUAÇÃO DA GUERRA – DITADURA E DEMOCRACIA NO BRASIL – MAIS DO MESMO[1] Wallace dos Santos de Moraes[2] Sun tzu, um vitorioso estrategista militar chinês, no século V a.C. escreveu um tratado que se tornou um clássico, a “Arte da Guerra”.[3] Seu livro começa assim: “Guerra é um assunto de importância vital para o Estado; uma questão de vida ou morte, a estrada da sobrevivência ou da ruína”. Na passagem do século XVIII para o XIX Carl von Clausewitz[4] (1996) afirmou: “a guerra não era mais que a continuação da política”. Mais tarde, Michel Foucault[5] repropôs e inverteu esse aforismo asseverando: “a política é a guerra continuada por outros meios.” Nesse sentido, Foucault alerta: “o mecanismo do poder é, fundamental e essencialmente, a repressão” ou como consequência dessa perspectiva: “o poder político tem como função reinserir perpetuamente a relação de força, mediante uma espécie de guerra silenciosa, e de reinseri-la nas instituições, nas desigualdades econômicas, na linguagem, até nos corpos de uns e de outros” (Foucault, 2002). Como resultado da inversão do aforismo de Clausewitz, Foucault muito oportunamente propõe que as lutas políticas, mesmo no interior da ‘paz civil’, deveriam ser interpretadas apenas como as continuações da guerra. Assim, “sempre se escreveria a história dessa mesma guerra, mesmo quando se escrevesse a história da paz e de suas instituições” (Foucault, 2002). Por fim, uma última reflexão importante para podermos consolidar nossos postulados teórico-metodológicos para o debate, citemos Bakunin (2008)[6], abordando a moral estatal: “é da natureza do Estado apresentar-se, tanto para si quanto para todos os seus governados, como objeto absoluto. Servir sua prosperidade, sua grandeza, sua força, é a suprema virtude do patriotismo. O Estado não reconhece outra: tudo o que o serve é bom, tudo o que é contrário a seus interesses é declarado criminoso, tal é a moral do Estado.” Podemos extrair dessas considerações realizadas em diferentes momentos históricos que guerra e política possuem uma extrema ligação, confundindo-se ao longo do tempo, uma continuando a outra. Decerto a guerra é a verdadeira essência do Estado, pois foi através daquela que este foi criado em todos os lugares, bem como é por meio dela que o poder político é mantido. É mister resgatar um ensinamento histórico e empírico segundo o qual a atividade de guerra travada pelo Estado é episódica com relação a outro igual, enquanto é cotidiana contra os descontentes subordinados às próprias...
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POR FAVOR, ENTENDA E NÃO VENHA COMEMORAR A COPA COMIGO

POR FAVOR, ENTENDA E NÃO VENHA COMEMORAR A COPA COMIGO Wallace Moraes 13 de junho de 20014 A nossa democracia vai muito bem, obrigado, diria Mussolini. As greves estão proibidas, mas não só, elas veem acompanhadas de achincalhamento público, pelos oligopólios de comunicação de massa, dos que lutam. Os protestos estão proibidos, a não ser que as pessoas queiram correr risco de morte. Um repórter da Reuters fraturou o crânio, outro da CNN sofreu graves ferimentos com os ataques policias. Imaginem o que aconteceu com os manifestantes comuns, o que foi censurado pela grande mídia. Somente os guerreiros vão para as ruas, mas mesmo assim, são chamados de pequena minoria que quer atrapalhar a festa da Copa, sobretudo, porque exigem melhorias para saúde, educação, moradia etc para todos. Devem apanhar para aprender a não mais fazer exigências aos governos, diriam os stalinistas. Devem apanhar calados e ordeiramente, pois se reagirem são logo taxados de vândalos e denunciados. Professores críticos e combativos são arrastados como animais pelas ruas em plena luz do dia. Os franquistas ficariam muito felizes com essas cenas pedagógicas de tortura pública. Policiais das UPPs já mataram várias pessoas das comunidades que deveriam proteger. A ordem é: mais repressão às favelas, que não têm escolas, hospitais, saneamento básico, área de lazer etc, e isso é saudado como melhoria para a população. Ao mesmo tempo, os repressores estatais são apresentados como grandes vítimas.  O povo está tão feliz que os governantes não podem aparecer em locais públicos e logo são presenteados com vaias, xingamentos etc. Cada vez mais os políticos têm que pagar claques para aplaudi-los, como num verdadeiro filme, tal qual “O Show de Trumman”. Nessa semana, a polícia foi nas casas de algumas pessoas para apreensão de seus computadores, sob a alegação de que difamaram um dos candidatos à presidência do Brasil. Vários estudantes também tiveram suas casas invadidas e seus computadores confiscados sob argumentação de formação de quadrilha. Isso porque foram consideramos líderes dos protestos que não têm lideranças. Tempos que deixaria Hitler muito feliz. Falta muito para os campos de concentração? Por lembrar do regime nazista, os oligopólios de comunicação de massa mostraram que aprenderam perfeitamente os ensinamentos de Goebbels, ministro das comunicações de Hitler. Sua máxima era: uma mentira dita mil vezes, torna-se verdade. E assim, El pueblo, que estava revoltado com os gastos da Copa e com tanta injustiça, viu-se quase que...
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Entrevista de Wallace Moraes na CBN

Ouça entrevista com Wallace Moraes realizada pela CBN em 09/06/2014 sobre CONTRA-MANIFESTO ABERTO PELA LEGITIMIDADE DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES Clique aqui para...
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A respeito do aniversário da ditadura civil-militar no Brasil – uma crítica anarquista

A respeito do aniversário da ditadura civil-militar no Brasil – uma crítica anarquista Wallace dos Santos de Moraes[1] O período de 1964 a 1984 foi um dos piores da história brasileira. A chamada ditadura civil-militar constituiu-se como ocasião lastimável sob todos os pontos de vista. Não obstante, atualmente, no Brasil, existem cinco interpretações acerca do seu significado. Mostraremos que quatro delas estão bem distantes da realidade. Comecemos por apresentá-las e no final defenderemos nossa tese, sob uma perspectiva anarquista. A primeira das conjecturas dissociada da realidade comemora a data de 1964 como uma verdadeira revolução brasileira que impediu o avanço do comunismo. Trata-se da postura mais autoritária, inconsequente e deplorável acerca do tema, pois possui um desprezo pelos direitos humanos, tratando a tortura, a perseguição política, os assassínios, como necessários, buscando justificá-los. Essa é uma visão tipicamente protofascista ligada a segmentos militares com alguma influência no Congresso nacional e nos monopólios de comunicação de massa no país, mas com escassa penetração social. Uma segunda interpretação defende a ditadura, mas não explicitamente, chegando a chamá-la de “ditabranda”. Algumas matérias no jornal “Folha de São Paulo”, referendaram essa perspectiva. No mesmo diapasão, no mundo acadêmico, é comum vermos renomados intelectuais defenderem que durante a ditadura foram criados direitos sociais, buscando claramente amenizar o período repugnante. Ao citar alguns parcos direitos, os analistas esquecem que esses mesmos foram gestados no período anterior e portanto seriam postos em prática mesmo sem os militares no poder. Além do mais, desconsideram que o direito de greve fora cassado e proibido; os sindicalistas foram presos e perseguidos, portanto, impedindo que a principal arma do trabalhador, para obter garantias, estava proibida: a luta econômica direta, também conhecida como greve. Essa constitui-se na segunda pior interpretação, pois totalmente dissimulada, buscando encontrar aspectos positivos, advindos dos tempos de tortura e censura explícitas. É claro que esses mesmos intelectuais apoiaram, por vezes, veladamente, por vezes, explicitamente, o regime. Basta vê-los e perceber como possuem grande status na academia. Uma terceira interpretação está capitaneada pela Rede Globo, suas afiliadas, e setores das elites dominantes. Este setor não só apoiou o golpe militar como participou ativamente da sua organização intelectual através de propaganda. O apoio à ditadura rendeu à Rede Globo um grande império midiático (com TVs, rádios, jornais, internet) e hegemonia no mundo da informação. Um poder incomensurável justamente por apoiar o regime. Atualmente, este grande oligopólio de comunicação pede desculpas...
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