Posted on Mar 16th, 2017
É com prazer que o OTAL-IFCS apresenta sua primeira tradução, em um texto, até onde se sabe, inédito na versão portuguesa disponível na internet. Apreciem a leitura! Traduzido a partir da versão disponível em: https://theanarchistlibrary.org/library/petr-kropotkin-are-we-good-enough Originalmente publicado em Freedom 21, junho de 1888. Uma das objeções mais comuns ao comunismo é a de que os homens não são bons o suficiente para viverem de uma maneira comunista. Eles não se submeteriam a um comunismo obrigatório, mas eles ainda também não seriam maduros para um livre comunismo anárquico. Séculos de educação individualista os tornaram muito egoístas. Escravidão, submissão ao mais forte, e trabalhar sob o chicote da necessidade, os tornaram impróprios para uma sociedade onde todos seriam livres e não conheceriam nada compulsório, apenas o que resultasse de compromissos tomados livremente para com os outros, e sua desaprovação se ele não o fizesse cumprir tal compromisso. Portanto, somos avisados, algum estado de transição intermediário da sociedade é necessário como um passo para atingir o comunismo [1]. Palavras velhas em uma nova forma; palavras ditas e repetidas desde a primeira tentativa de qualquer reforma, política ou social, em qualquer sociedade humana. Palavras que temos ouvido antes da abolição da escravatura; palavras ditas vinte e quarenta séculos atrás por aqueles que apreciam por demais seu próprio sossego para gostar de mudanças rápidas, a quem a ousadia de pensamento assusta, e que não sofreram o suficiente das iniquidades da presente sociedade para sentir a profunda necessidade de novas questões! Os homens não são bons o suficiente para o comunismo, mas eles são bons o suficiente para o capitalismo? Se todos os homens fossem de bom coração, bons e justos, eles nunca explorariam uns aos outros, apesar de possuir os meios de fazê-lo. Com tais homens a propriedade privada do capital não ofereceria perigo. O capitalista se apressaria para compartilhar seus lucros com os trabalhadores, e os trabalhadores melhores remunerados com aqueles que sofrem de problemas ocasionais. Se os homens fossem parcimoniosos não produziriam veludo e artigos de luxo enquanto alimentos são necessitados no campo: eles não construiriam palácios enquanto existissem favelas. Se os homens tivessem um sentimento profundamente desenvolvido de equidade eles não oprimiriam outros homens. Os políticos não trairiam seus eleitores; o Parlamento não seria uma caixa de tagarelar e de trapaças, e os policiais de Charles Warren [2] se recusariam a ameaçar os locutores e ouvintes da Trafalgar Square. E...