O que vale mais para a grande mídia: a vida de um pobre ou o vidro de um banco?

Na noite do dia 17 de julho de 2013, mais de cinco mil pessoas participaram de um protesto nas proximidades da casa do governador do Rio de Janeiro, por vários motivos, aliás, motivos não faltam para protestar contra o governador. Como em praticamente todas as outras manifestações, houve confronto entre polícia e manifestantes. A cobertura da mídia foi uníssona: a polícia que atirou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio foi a vítima!!! Diferente das outras manifestações, a polícia não reprimiu o ato de imediato. Afinal de contas era o Leblon, bairro da alta elite carioca. O cheiro do gás lacrimogênio poderia entrar nos apartamentos e atrapalhar a respiração dos donos do capital. Todos sabiam disso. Manifestantes e policiais. Para criar o fato político, pela primeira vez, os manifestantes iniciaram os tumultos. Não sabemos se foram os infiltrados, mas iniciaram. Mas agora gostaria de abordar a cobertura da mídia nos dias que seguiram a manifestação, por ser muito mais grave que qualquer depredação de bancos. Vamos a uma tentativa de análise.

Os monopólios fascistas de televisão unidos fizeram grandes produções cinematográficas, dignas de Hollywood, com um único objetivo: criminalizar o movimento popular combativo, defender os governantes de plantão, legitimando previamente o fascismo, que já acontece nas favelas e nas periferias do Brasil cotidianamente, destinado aos que lutam. Assim, a Rede Globo ganha mais apoio para continuar sonegando impostos. Esse monopólio chegou a colocar imagens dos manifestantes quebrando bancos e lojas de luxo, repetidamente, inclusive sem som, sem comentários, apenas as imagens. Foi chocante. Fui induzido fortemente a rechaçar os manifestantes. Fui induzido a ter ódio da juventude que luta. Fui induzido a querer a prisão imediata da juventude pobre. Fui induzido até a defender a pena de morte de todos aqueles. As imagens da forma como foram postas pareciam crimes hediondos, equiparavam-se a homicídios dolosos.

Não obstante, tenho discernimento suficiente para separar homicídio doloso de quebra de bancos e o saque de lojas de roupa de luxo da Toulon. Todos sabemos que os bancos atacados constituem-se nas instituições mais beneficiadas no capitalismo contemporâneo, as custas do desemprego, da exploração do trabalho, e do roubo das taxas que todos somos obrigados, por lei, a pagar.

O circo armado foi tamanho que a grande mídia colocou o dono da rede nacional de lojas Toulon chorando na televisão, tomando o cuidado para não mostrar qual era a loja. A grande mídia não mostrou que as roupas saqueadas foram distribuídas aos moradores de rua, que pela primeira vez, vestiram Toulon, com 100% de desconto. Depois de toda encenação, o governador chamou uma reunião emergencial entre as forças de segurança do Rio para verificar formas de criminalizar o movimento. Engraçado, é que na semana passada quando a polícia matou 13 pessoas na Maré nenhuma força tarefa foi montada, nem a grande mídia fez e alarde que faz com o ataque a VIDROS  e ROUPAS. Para os capitalistas vale mais o patrimônio: vidros de bancos e roupas de lojas de luxo do que vidas de favelados!

Tenho pleno discernimento de separar e entender o significado de séculos de exploração, humilhação e repressão para garantir a riqueza de uns em detrimento da felicidade de muitos. Tenho pleno discernimento para entender que a aliança: governos, bancos, grande mídia tem agora um único objetivo: aniquilar a vida de jovens que estão lutando por um Brasil melhor. Espero que você que lê também tenha esse discernimento e não colabore para o a repressão sobre a juventude mais consciente e combativa brasileira das últimas décadas. Sou contra a criminalização dos que lutam, e você?

Defendo que a vida vale muito mais do que qualquer lucro, loja, banco. Tenho certeza que você também. Então, não deixa se levar pela manipulação dos monopólios da grande mídia e defenda a vida acima de qualquer coisa, defenda mudanças, defenda os pobres. Defenda o investimento em hospitais que hoje muitos não têm nem maca, enquanto o governador gastas 300 milhões com a simples manutenção de seus helicópteros. Isso sim poderia ser equiparado a crime hediondo, pois com uma canetada mata-se pobres nas favelas e nas filas dos hospitais. Quem é o criminoso: o povo rebelado que quebra vidro de bancos, ou os governantes que faz vistas grossa com a morte da juventude nas favelas e nas filas dos hospitais? O que vale mais o vidro de banco ou uma vida de um pobre?

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